segunda-feira, 29 de março de 2010

H1N1 perguntas e respostas

Como evitar o contágio da gripe suína? Qual a forma de contágio mais eficiente?
Antes de mais nada, a gripe causada por esta amostra de vírus é na verdade uma amostra de Influenza A (todos os vírus influenza causadores de pandemias são – historicamente – do tipo A ), a amostra H1N1 que tem causado esta epidemia – assim como outras amostras causadoras de influenza endêmica (a gripe "comum"). Esta amostra em particular, chamada de "gripe suína", tem genes de vírus semelhantes àqueles de amostras suínas que vêm circulando na Europa e América do Norte nos últimos 10-12 anos, bem como segmentos de genes de amostras de aves que vêm circulando na Ásia – e segmentos de genes de amostras humanas, do tipo H1N1.

O contágio se dá através de secreções respiratórias (perdigotos, aerossóis de saliva, espirros, tosse) e também através do contato social (aperto de mãos, beijos – incluindo os beijos sociais) entre pessoas infectadas e outras não infectadas. Objetos de uso pessoal, como talheres, lenços, batom, cuia de chimarrão (no caso dos gaúchos!), também podem contaminar outras pessoas, pois podem albergar o vírus e este pode eventualmente ter acesso a outro hospedeiro através das mãos. O vírus não tem como penetrar via pele, mas ocasionalmente o novo hospedeiro pode colocar os dedos nos olhos ou no nariz e por aí o vírus tem acesso a células com receptores apropriados, podendo causar infecção.

Qual é o período de incubação do vírus?
Geralmente um a dois dias.

O álcool em gel é eficiente para desinfetar as mãos?
Sim, o álcool é eficiente para inativar o vírus.

Quanto tempo o vírus suíno fica ativo em uma superfície lisa?
Isso é difícil de determinar, pois varia de acordo com a temperatura, insolação e umidade. Em geral os vírus são frágeis fora da célula hospedeira, e não duram muito tempo se houver calor, sendo rapidamente inativados pela luz solar (em função dos raios UV). Frio, alta umidade e presença de proteínas favorecem a viabilidade dos vírus por períodos mais longos.

É possível o contágio em aviões?
É possível, sim, se houver alguém doente no avião. Quanto mais próximo do infectado, maior a chance de exposição ao vírus e, como tal, maior a chance de contaminação.

De que forma o vírus entra no corpo?
Através de células que têm receptores específicos para a proteína denominada hemaglutinina (que origina o termo H1). Essa proteína viral é reconhecida por receptores presentes em células da mucosa respiratória e da conjuntiva ocular. Aí se inicia o processo de adsorção, que culmina com a ligação do vírus a esses receptores e sua consequente penetração na célula.

O vírus é mortal?
Pode ser mortal, mas a mortalidade em humanos tem se mantido baixa nesta epidemia, em geral inferior a 0,5%. Claro que pessoas debilitadas, com comorbidades, mais velhas ou mais jovens, são os grupos em que a doença se apresenta com maior gravidade, causando maior mortalidade.

Quais os riscos de familiares de vítimas fatais de gripe suína?
Os mesmos que os de outras pessoas, pelo que os cuidados que esses devem ter devem ser os mesmos que os das demais pessoas – essencialmente evitar o contato com o doente, suas secreções e objetos que entrarem em contato com eles.

É possível a transmissão do vírus pela água?
É possível, mas pouco provável e sem importância significativa na epidemiologia da infecção, pois a água tem o poder de diluir o agente, diluindo a dose infectante à qual os hospedeiros seriam suscetíveis.

O que faz o vírus provocar a morte?
O próprio vírus ocasionalmente pode causar uma pneumonia viral, mas geralmente a morte se dá por complicações secundárias, infecções bacterianas ou outras causas não exclusivamente associadas ao vírus.

O contágio se inicia antes dos sintomas ou quando apresentados os sintomas?
A pessoa infectada pode transmitir o vírus antes da manifestação dos primeiros sinais, mas provavelmente por um curto período de tempo anterior aos sinais.

Há possibilidades de recaída com a doença?
É possível que a infecção viral funcione como porta de entrada para outras infecções, e isso talvez possa ser interpretado como "recaída", mas o esperado é que o vírus cause a infecção no hospedeiro, que desenvolve uma resposta imune e tem a recuperação como resultado final na imensa maioria dos casos.

Quem está a salvo desta doença ou quem é menos suscetível?
Não há registro de pessoas menos suscetíveis. Não se sabe se pessoas vacinadas com a amostra que faz parte das vacinas disponíveis são capazes de induzir qualquer tipo de proteção – parcial ou total – contra a amostra de vírus H1N1 associada a esta epidemia.

O vírus tem chances maiores de atingir pessoas asmáticas?
As chances de atingir uma pessoa asmática são as mesmas de qualquer outra pessoa, porém em asmáticos as infecções respiratórias tendem a ter maior gravidade.

A máscara cirúrgica tampando a boca e o nariz é eficaz?
As máscaras comuns não promovem uma garantia total de que as pessoas não se infectarão ou não disseminarão o vírus, se doentes; as máscaras são eficazes no sentido de que elas diminuem a quantidade de aerossóis gerados pela fala, espirros ou tosse. Isso diminui a quantidade de vírus disseminada por hospedeiros doentes, diminuindo assim a chance contaminar outros hospedeiros.

Da mesma forma, para se protegerem, as pessoas, ao usarem a máscara, diminuem a chance de inalar partículas virais que podem estar presentes em aerossóis gerados por hospedeiros contaminados.

Caminhar ao ar livre pode me deixar exposto ao vírus?
Pode – teoricamente – haver exposição, mas ao ar livre a chance de contaminação é muitíssimo baixa, porque o ar dilui significativamente a quantidade de vírus que poderia ser potencialmente infectante.

Vitaminas, como a C, ajudam na prevenção ou quando tomado pelo vírus?
Não há evidências de que a vitamina C auxilie diretamente no combate à gripe. Outras vitaminas, igualmente, podem ser benéficas ao hospedeiro, mas não têm ação direta sobre o vírus.

Qual o risco das mulheres grávidas pegarem esta gripe?
O mesmo das demais pessoas.

O feto pode ter lesões se uma mulher grávida se contagia com este vírus?
Não há registro de lesões associadas ao vírus da Influenza causadas em fetos.

Gripe normal pode virar gripe suína?
A gripe "normal" é causada por amostras do mesmo vírus que vem coevoluindo com seus hospedeiros – aves, suínos e humanos. O vírus que agora chamamos de gripe "suína" é um exemplo desse esforço adaptativo, ou seja, do resultado da luta entre hospedeiros e o vírus na busca de perpetuação. Assim, "gripe normal" é tão "normal" como esta amostra de vírus que chamamos de "Influenza suína".

Ninguém pode dizer se uma amostra de vírus vai evoluir em uma ou outra direção, mas é possível – e bastante provável – que durante a evolução venham a surgir variantes que sejam mais ou menos patogênicas para humanos – isso tudo baseado em "erros" genéticos, ou erros durante o processo de multiplicação viral; esses erros são, na verdade, importantes mecanismos de evolução e adaptação.
O que bloqueia o vírus?
Os vírus influenza são envelopados, isto é, possuem uma camada derivada das membranas celulares que contém lipídios; como tal, são sensíveis a detergentes e solventes de gorduras. No ambiente, o vírus pode ser facilmente inativado por detergentes, éter, acetona e outros agentes como hipoclorito de sódio, ácido peracético, álcool etílico, formol, hidróxido de sódio, cresóis e muitos outros desinfetantes. Outros agentes, como a luz UV, inativam igualmente o vírus por promover alterações no genoma viral.
Os infectados que se curaram do vírus ficam imunes?
Sim, as pessoas que se recuperam ficam imunes à infecção, pelo menos com aquela variante específica que lhe causou a infecção – embora não garanta que o hospedeiro venha a estar imune a infecções com outras variantes do vírus influenza.
Há problemas em consumir carne de porco?
Absolutamente. Pode comer carne suína à vontade, sem o menor risco em relação à influenza.
Qual é o fator determinante para saber se o vírus já está controlado?
Não sei se entendi sua pergunta, mas a epidemia estará controlada quando o número de casos se estabilizar e depois tender a diminuir.

Tomar ácido acetilsalicílico (aspirina) ajuda em algo?
Ajuda como tratamento sintomático, mas não tem nenhum efeito sobre a infecção viral.
Quando o vírus estará sob controle?
No hospedeiro, o vírus estará "sob controle" quando este começar a apresentar sinais de recuperação, o que deve se evidente em quatro ou cinco dias – talvez um pouco mais – após a infecção.

As pessoas que trabalham envolvidas com infectados devem tomar que cuidados?
Devem tomar os mesmos cuidados que as demais pessoas, usando máscaras e acrescentando o uso de luvas para lidar com os objetos que entram em contato com infectados; buscando sempre que possível evitar a exposição às secreções – especialmente do trato respiratório - de hospedeiros infectados.

0 comentários: