sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Resistência a antibióticos vai além da ingestão incorreta dos medicamentos

Embora o consumo excessivo ou incorreto de antibióticos seja uma preocupação antiga dos profissionais de saúde, parece que há motivos para outras preocupações bem depois que os medicamentos são ingeridos. Cientistas descobriram que, quando um antibiótico é consumido, até 90 por cento dele passa através do corpo sem metabolização. Isto significa que as drogas podem deixar o corpo do paciente quase intactas - é quase como despejar o conteúdo do vidro de medicamento no vaso sanitário ou no ralo do banheiro.

 No caso de áreas agrícolas, os antibióticos excretados podem chegar rapidamente aos córregos e rios de várias maneiras e entrar no circuito alimentar da população. Mesmo a água filtrada nas plantas de tratamento de efluentes podem conter antibióticos, segundo os pesquisadores. Consequentemente, estas descargas tornam-se "fontes potenciais de genes de resistência aos antibióticos," afirma Amy Pruden, da Universidade Virgínia Tech, nos Estados Unidos. "A presença de antibióticos, mesmo em concentrações mínimas, pode estimular o metabolismo bacteriano e assim contribuir para a seleção e manutenção de genes de resistência a antibióticos", explica Pruden. "Uma vez presentes nos rios, esses genes podem ser transferidos entre as bactérias, incluindo patógenos, através da transferência horizontal de genes." A pesquisadora afirma que reduzir a propagação da resistência aos antibióticos é uma medida crítica necessária para prolongar a eficácia dos antibióticos atualmente disponíveis. Isto é importante, uma vez que "a descoberta de novas drogas não consegue mais acompanhar o ritmo das novas infecções resistentes a antibióticos", diz ela. Pruden, que desenvolveu o conceito de genes de resistência a antibióticos como poluentes ambientais, tem uma reputação internacional na aplicação da ecologia microbiana, remediação ambiental e sobre repositórios ambientais de resistência antimicrobiana. "Este estudo avança o reconhecimento dos genes de resistência a antibióticos como fontes de impactos ambientais, dando um passo importante na identificação dos processos dominantes de difusão e transporte dos genes de resistência a antibióticos," conclui o estudo, publicado no periódico científico Environmental Science and Technology

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