quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Governo suspende linha de produtos chineses e planta para emagrecer

Órgão diz que mistura vendida como alimento tinha sibutramina, que tem uso controlado
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) suspendeu nesta terça-feira (21) a importação e a comercialização de todos os produtos da marca Divine Shen, usados para emagrecer. Também está interrompida a importação, fabricação e comércio da substância Caralluma fimbriata. Segundo o órgão, será investigado como o Divine Shen, um produto importado da China e registrado na Anvisa como alimento, foi misturado ao medicamento de uso controlado sibutramina.

A Caralluma fimbriata é uma planta (mais especificamente, um tipo de cacto) usada há muito tempo na Índia por quem quer controlar a fome e que tem se tornado famosa no Ocidente.

De acordo com a agência, essa substância tem ação no sistema nervoso central e é capaz de reduzir a sensação de fome. Ela cita estudos em que pacientes com histórico de doença cardiovascular podem ter aumentado o risco de doença coronariana, acidente vascular cerebral (AVC), taquicardia e aumento da pressão arterial quando expostos ao medicamento.

A presença da sibutramina nos produtos da Divine Shen foi atestada em um laudo do Instituto de Criminalística de São Paulo (IC-SP) ao examinar amostras levadas a teste pelo Ministério Público. A 2ª Promotoria de Justiça Criminal iniciou a apuração depois de receber a denúncia de que o produto estaria adulterado. A Anvisa também pretende notificar a OMS (Organização Mundial de Saúde) e a OMC (Organização Mundial do Comércio) sobre o ocorrido.

A Anvisa informa que até o momento nenhum produto que contenha em sua composição a substância Caralluma fimbriata se encontra regularizado no país, tendo em vista que não há qualquer comprovação em relação à sua segurança e eficácia. Por essa razão, uma resolução da agência, publicada hoje no Diário Oficial da União, suspende a importação da Caralluma fimbriata, sua fabricação, distribuição, manipulação, comércio e o uso em todo o território nacional.

A primeira ação da Anvisa em relação às falsas alegações de propriedades relacionadas a emagrecimento foi tomada em maio deste ano, com a publicação da resolução 1992, no dia 3, que proibia a propaganda de insumos anunciados como "naturais" e com propriedades capazes de acelerar a perda de peso, entre eles a Caralluma fimbriata.

A resolução de hoje da Anvisa amplia o que previa a RE 1992/2010 porque permite que, a partir de sua publicação, as equipes das vigilância sanitária dos Estados e dos municípios possam ir aos estabelecimentos comerciais e às farmácias para retirar o produto da prateleira.

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